quinta-feira, 24 de março de 2011

Um jogo de Faz-me rir

Por Diego Betioli


Presidente checheno Razman Kadyrov em cobrança de pênalti contra o ex-goleiro Zetti.

O fato ocorreu já alguns dias,na semana de Carnaval. Senti-me um tanto constrangido ao ouvir à respeito. Um jogo entre Brasil e Chechênia. Até aí,normal. A seleção contava com veteranos da seleção,tretacampões de 1994 e pentas de 2002. Não é algo comum reuní-los,ainda mais os craques de 94,quase 20 anos depois da Copa dos EUA. Alguns deles,provavelmente,não se viam há anos. A ocasião seria tão especial a ponto de conseguir reunir os ex-craques em campo novamente? Bem...um jogo contra a Chechênia...e isso não era tudo. O time da casa contava com o presidente Razman Kadyrov,e outros nomes,amigos seus pessoais ou de poder.

Kadyrov é conhecido por ser um populista,violento e manipulador,e à este muito se atribui a condição degradável em que se encontra a Nação-estado separatista da Rússia. O que levaria um time de consagrados campeões,adorados e respeitados no mundo todo, a participar de um bate-bola com um combinado do presidente-tirano e seus amigos? O evento tinha como fundo,claramente,à campanha populista de Kadyrov,que ironizava sempre que possível.

O ex-craque Raí,camisa 10 do tetra e ídolo do São paulo Futebol Clube,publicou uma nota em seu site oficial relatando intenso arrependimento em ter participado da partida. Segundo Raí,o convite inicial tratava-se da inauguração de um estádio na Rússia,no qual enfrentariam um time que contava com  Ruud Gullit como treinador. Os jogadores só vieram a saber da "mudança" de adversário poucos dias antes,e segundo o mesmo Raí,o pagamento já havia sido recebido.
Raí e os outros poderiam ter desistido,devolvido o dinheiro,enfim...mas por que não o fizeram? O ex-tricolor afirmou que a dinheirama recebida não era pouco mais do que ganhava para ministrar uma palestra,e que não foram as cifras que o motivaram à jogar.

Por outro lado,o baixinho Romário também comentou sobre o evento. O craque do Tetra,que não abriria mão da folia carioca por motivo algum,estranhamente figurou no bizarro evento. Romário,em controvérsia à Raí,afirmou que a oferta fora realmente boa,e que não fosse este o motivo,não perderia o carnaval. O camisa 11 ainda disse que sequer soube o real motivo do jogo.
O ex-zagueiro Júnior Baiano ressaltou o dito por Romário,na mesma nota,mas salientou que o governo checheno aceitou fazer doações para os desabrigados das enchentes que afligiram o Rio de Janeiro no começo do ano.

Fica a questão: quem está falando a verdade? O que realmente houve por trás deste jogo? O que realmente se pode ter certeza é que houve um jogo de interesses. Os jogadores,muito provavelmente,foram sim bem remunerados,e talvez sequer tenham tentado compreender o fundo de plano no qual atuaram. Podem ter se arrependido,ou não. O que se suscita à indagar é: até onde a CBF tem seu dedo nessa história? Um jogo não oficial,mas que contou com o velho escudo da Confederação Brasileira de Futebol estampado no peito dos ex-atletas.

A única certeza à respeito desse estranho jogo é que foi um expetáculo esdrúxulo. A partida teve dois tempos de 25 min. e,mesmo a equipe adversária contando com o próprio Ruud Gullit e o ex-campeão alemão Lotthär Matthäus, era claro que não seria um jogo competitivo. Afinal,o presidente checheno e seus afiliados estavam longe de serem atletas. E como esperado,os agentes do governo pediram de forma solícita aos canarinhos que "pegassem leve" com os adversários. Ver Zetti "deitando-se" pra tomar um gol e sofrer um outro de penâlti do presidente,foram cenas deploráveis,tristes de se ver à quem já muito trouxe alegrias no passado. O jogo terminou,"felizmente",6 x 4 para os brasileiros.

Esperamos que algo assim nunca se repita.

Referências:
http://www.rai10.com.br/
http://www.jusbrasil.com.br/politica/6696657/sem-saber-motivo-de-jogo-romario-perde-carnaval-e-viaja-a-chechenia

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